Introdução ao livro "Smart Cities - Cidades Inteligentes nas Dimensões: Planejamento, Governança, Mobilidade, Educação e Saúde"

O conceito de cidades inteligentes advém da convergência no tempo dos conceitos de cidade inteligente e cidade sustentável, no entanto, ainda na atualidade não há consenso sobre os principais fatores que devem ser considerados para tornar uma cidade mais inteligente.

Em recente pesquisa realizada pelos Organizadores deste livro, os resultados mostraram um conjunto de drivers com maior potencial de aumentar a inteligência das cidades, os quais estão principalmente relacionados à governança das cidades.

Em um contexto de crescimento acelerado das cidades, tem crescido a demanda por soluções que permitam respostas mais apropriadas aos desafios postos aos gestores das cidades. Neste contexto, as instituições de ensino e pesquisa juntamente com o setor produtivo tem debatido com a sociedade como realizar o desenvolvimento urbano sustentável.

O conceito de cidade inteligente não é novo e evoluiu nas últimas décadas, principalmente como resposta aos desafios impostos pela crescente urbanização, pela revolução digital, atualmente em sua quarta fase (quarta revolução – 4IR), e pelas demandas da sociedade por serviços mais eficientes e eficazes e melhoria da qualidade de vida.

Diversas são as maneiras que os gestores têm para lidar com os desafios impostos pelas transformações vividas pelas cidades, até porque a visão da sociedade nem sempre está conectada à visão de seus governantes. Há uma dissonância entre o esperado e o realizado que gera gaps e cada vez mais desafios; uma maneira proativa é pensar estrategicamente as cidades.

Pensar nas cidades é perceber e respeitar o caráter multidisciplinar de sua população, o que pode resultar em interpretações que, em algumas situações, podem ser difusas e paradoxais. A evolução do conceito de cidade inteligente ao longo do tempo tem convergido para que se pense em um local inclusivo, seguro, resiliente, sustentável e baseado em tecnologias da informação.

Algumas das abordagens estudadas nos últimos cinco anos relacionam a cidade à tecnologia da informação e comunicação em um processo que alguns autores chamam de “digitalization”.

Este processo tem colaborado para a melhoria da eficiência dos serviços e da infraestrutura (por exemplo, comunicação, transporte, suprimento etc.), além de prover uma camada para as ações relacionadas à governança e interações entre as diversas partes interessadas na cidade, conectando e desenvolvendo interações entre redes de atores influenciadores do contexto.

A palavra “smart” não é modismo, está associado a explicar o incremento das camadas de gestão e de digitalização de uma cidade, onde o fator humano deve ser considerado desde o início do planejamento. A governança é o principal problema enfrentado pelas cidades e a tecnologia da informação pode ajudar neste contexto para tornar a gestão mais “esperta”.

Cidades como Niterói (RJ) vêm implantando carteiras de projetos de médio e longo prazo, no Planejamento “Niterói que Queremos (NQQ 2013-2033)” existem projetos de alto impacto social como: Niterói EcoSocial, Niterói resiliente, Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), Buses with a High Level of Service (BHLS), Niterói de Bicicleta e o Sistema de Gestão da Geoinformação (SIGeo) com o controle dos indicadores por quadrantes e áreas da cidade. Todos os projetos que recebem investimentos são controlados. No início do processo foi criado um escritório de gestão de projetos (EGP-Nit) para viabilizar e acompanhar junto às demais secretarias o efetivo andamento da carteira de projetos.

Fundamental integrarmos cada vez mais as iniciativas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico e empreendedorismo inovador que ocorre no Brasil com as políticas públicas de fomento às Smart Cities que também ocorrem na região serrana fluminense, de forma a modernizarmos a gestão pública, melhorarmos a infraestrutura urbana e aproximarmos cada vez mais os cidadãos dos serviços públicos. A criação do InovaFri, grupo colaborativo de estímulo à inovação em Nova Friburgo, e, posteriormente, a aprovação do Código Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, são exemplos concretos dessa visão.

Além dos projetos para implantar Cidades Inteligentes, como os realizados por Niterói e Nova Friburgo, outras cidades do Brasil se destacam, como o Rio de Janeiro, com o COR.RIO, Iluminação Pública Inteligente, Revitalização da Zona Portuária, Lei da Inovação e a construção do Museu do Amanhã, Curitiba que é a referência brasileira de cidade sustentável, inclusiva e planejada, Juazeiro do Norte com sua lei de incentivo a cidade inteligente mais inovadora, o Distrito Federal que nasceu planejado urbanisticamente, Florianópolis, dentre tantas outras que buscam conectar os espaços urbanos locais com os projetos de magnitude global (GLOCAL).

Um conceito recentemente construído junto com o Movimento Longevidade Brasil é o do Bairro Inteligente que “É capaz de se aprimorar pela participação dos seus habitantes, articulados com os demais agentes públicos, privados e acadêmicos que possam colaborar”.

As políticas públicas exigem uma visão holística e integrada, focada nas prioridades da sociedade. A participação dos cidadãos nas iniciativas das cidades inteligentes é fundamental para evitar uma utopia ou uma visão tendenciosa de se ter cidades com uma visão exclusivamente de negócios.

Pensar na hélice quádrupla como a união das forças e inteligências das universidades, do mercado, da sociedade e dos governos em prol de um meio ambiente mais saudável também é primordial.

Os desafios que são impostos pelos crescentes níveis de urbanização requerem a superação de desafios com soluções mais inovadoras. Com esse contexto e a partir de uma construção colaborativa em rede, buscaremos no decorrer dos próximos capítulos trazer uma convergência sobre os conceitos das cidades inteligentes e sustentáveis.

Este livro possui a limitação típica das obras que tratam de temas abrangentes e complexos. Porém, buscamos uma visão ampla do tema, haja vista o grande número de autores. Um ponto importante a ser ressaltado, é que as Smart Cities devem ser consideradas à luz da realidade de cada país e/ou região, pois a maneira como uma cidade é percebida pela sociedade depende do contexto onde as mesmas estão inseridas. Neste contexto, o foco principal deste livro foi as cidades brasileiras, mas que não diverge da realidade vivenciada pela maioria das cidades dos países subdesenvolvidos, em especial os da América Latina e Caribe.

Por fim, esperamos que este livro possa contribuir para o desenvolvimento das futuras “Smart Cities” brasileiras.

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